Bilhete de entrada
Sou de uma geração durante a qual fomos habituados a ter um serviço de mesa, dito de jantar, Vista Alegre. Ainda me lembro de ter uma lista numa loja onde, quem me queria oferecer uma prenda tinha sempre opção de me oferecerem uma peça que eu gostaria de ter. Ter peças da Vista Alegre era quase uma obrigação pelo prestígio que as suas porcelanas alcançaram.
Tinha muita curiosidade em visitar este museu inaugurado, com esta forma, há relativamente pouco tempo, um museu novo com dois séculos de história.
Vista da fachada do edifício do Museu
O Museu funciona no edifício que outrora teve a fábrica, e a visita começa com a majestática observação de dois dos fornos, a carvão e lenha, que antigamente serviam para o cozimento das peças.
Aspeto exterior de um dos fornos
Vista do interior do forno
Segue-se uma sala dedicada à fundação da Vista Alegre, e ao seu fundador José Ferreira Pinto Basto e as primeiras peças produzidas desde 1826. A Vista Alegre iniciou a sua atividade com a produção de vidros e cristais, e já em 1829 tinha um catálogo fantástico de vidros com as peças desenhadas, como se pode ver em baixo.
Os primeiros vidros
Mais vidros
O primeiro catálogo, 1829
Depois de buscas e vários ensaios para produzir a porcelana perfeita, inicia-se a sua produção e, na sala Pó de Pedra podemos observar as primeiras porcelanas e alta qualidade e que perduram até hoje.
As primeiras porcelanas
A Vista Alegre sempre esteve disponível para a modernidade. Acompanha os grandes movimentos da arte e encontra-se desde sempre em posição de vanguarda, política que se mantém.
Uma das vitrines de acompanhamento das artes do início do século XX
Para além da produção de objetos de utilização diária, começam a produzir, também, peças chamadas de Comemoração, para entidades ou associações ou para o Estado. Segue-se a moda e o fascínio da China e das porcelanas orientais, criando peças e serviços de linhagem de família.
Peças de um serviço brasonado
Segue-se a sala das Litofanias. Verdadeira novidade em Portugal, e produzidas desde 1860, são placas de porcelana com 2 mm de espessura que, com uma fonte de luz direcionada, permite ver à transparência imagens de gravuras da época, com a nitidez de uma fotografia. As louças de aparato adquirem um papel importante, e também a produção de esculturas, de animais ou outras de elevada complexidade técnica e artística. Artistas contemporâneos estão também representados e associados à produção especial de peças de limitada numeração.
Jarras com retrato da Rainha D. Maria Pia, Príncipe D. Afonso e Príncipe D. Carlos
Fruteiro “Braamcamp”
A Vista Alegre teve e continua a ter um papel importantíssimo na atividade de restaurantes. Restaurante que se preze tem peças da Vista Alegre. E, curiosamente, um serviço presente em muitas casas, é o Cozinha Velha” criado para abastecer desde a abertura o restaurante com o mesmo nome, desde 1947. Hoje em dia a Vista Alegre dispõe de uma linha de produção especial e capaz de responder às exigências da modernidade da nova cozinha. Como no passado a Vista Alegre dá passos em frente para as maiores ambições de variedade e modernidade da restauração contemporânea. Pode ainda observar a sala de Pintura Manual de onde saem peças artísticas de grande valor. Soube que a dimensão de reservas deste Museu é de grande dimensão, permitindo substituir com regularidade as peças em exposição.
No final da visita ao Museu, dispõe de uma loja cheia de tentações...! No exterior também uma loja de produção Bordalo Pinheiro e cristais Atlantis que pertencem ao mesmo Grupo Visabeira. A lista de salas e área não é exaustiva pelo que, uma visita ao Museu da Vista Alegre, é obrigatória. Eu andei deliciado até a encontrar peças que já conhecia.
© Virgílio Nogueiro Gomes
Museu da Vista Alegre
Lugar da Vista Alegre
3830-292 Ílhavo
TL 234 320 628