Doces de Goiás
Não me posso queixar de falta de oportunidades para ser lambareiro. Recentemente chega a minha casa uma caixa de doces das mãos da própria doceira, Adriana Lira, cujo trabalho já conhecia e com quem me correspondo. Mas desta vez era ela mesmo com a caixa de doces que podem ver em baixo.
A doçaria de Goiás tem fama e é uma doçaria de matriz feminina trabalhando com grande sabedoria as frutas. Uma grande poetisa, Cora Coralina, que era também doceira deixou uma herança a perpetuar dando, inclusive, à criação de um projeto “Mulheres Coralinas”. Estas são o garante da renovação e transmissão da tradição doceira particularmente da cidade de Goiás. Pela voz de Ebe Lima O Mulheres Coralinas é uma celebração de sabres. E, através desses encontros, estamos até descobrindo doces que ficaram esquecidos no tempo, como passas de caju, o doce de mamão maduro e outros.
Mas a doceira que me obsequiou com uma caixa de doces, Adriana Lira, natural de Goiás encorajou-se e vou para São Paulo onde executa e vende os doces. Mas não se limitou à reprodução do aprendizado em Goiás. Estudou e, sem ruturas na tradição, evoluiu e criou soluções novas. Sei que leu e releu o famoso livro “Arte Nova e Curiosa para Conserveiros Confeiteiros e Copeiros” de autor desconhecido e publicado em Lisboa em 1788.
O processo de tratamento desta doçaria, que no passado seria mais identificado com confeitaria, é lento e muito delicado. Muitas das frutas utilizadas no Dona Doceira veem
da fazenda de família de Adriana Lira, e são de produção orgânica. E Cora Coralina também a influenciou e continua a inspirar estas gulodices de origem ancestral e tradicionais.
Vejamos os doces:
Já colocados em prato
Flor de fita de coco, é confecionada em várias cores conforme o xarope de fruta em que a fita é cozida, neste caso em maracujá. Cada flor pode demorar até 28 minutos de montagem. Possivelmente a joia da Dona Doceira.
Fita de mamão verde glaceada
Cocada assada, a massa em tudo semelhante a outras cocadas, mas esta apresentado sob a forma de bolinho
Figo confitado em açúcar e recheado com castanhas de Caju, do Pará e de Baru
Pastelinho de doce de leite também conhecido como Pastelinho de Goiás
Limão-galego com doce de leite
Quincam recheado com ganache de cacau baiano. Quicam é um cítrico de origem japonesa e também conhecido por quincã, cunquate e xinxim
Impossível resistir!
© Virgílio Nogueiro Gomes
DONA DOCEIRA
Doçaria Tradicional Brasileira
Rua Tabapuã, 838, Casa 6
Itaim Bibi
São Paulo
(+ 55) 11 2157 6114 Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.