Dióspiros

 

 

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Os que veremos nas fotos são os últimos que comi este ano! Bem maduros e a desfazerem-se com toques menos delicados. Verão como os como para aproveitar todo o sumo que se vai criando.

O dióspiro é um fruto especial que ou se gosto ou não. Não é um fruto de meios termos em relação aos seus apreciadores e, lamentavelmente, não aparece em restaurantes. Tem um período curto de aparecimento, amadurecimento natural, e quando bem maduro é delicado e não gosta de longos transportes. Aparece maduros em fianis de outono.

O dióspiro é fruto do diospireiro, uma árvore oriunda da China onde existem cerca de dois milhares de espécies, mas a sua designação vem do fruto japonês kaki, país onde existem quase um milhar de espécies. O termo dióspiro é de origem grega, dado pelo botânico Carl Lineu, e significa alimento de Zeus. No Brasil o dióspiro é conhecido pelo nome de caqui e é o fruto da árvore caquizeiro.

 

 

 

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Existem diversas variedades sendo mais conhecidas as duas seguintes: a vermelha, que quando madura, é muito doce e mole e precisa de muito cuidado no transporte para não se amassar, sendo esta variedade muito consumida em Portugal. A outra variedade, conhecida como caqui-sileide (no Brasil) é de cor alaranjada e no interior tem riscas cor de chocolate, sendo mais rija e resistente e não tão doce como a vermelha, dita de roer. Supõe-se que terão sido os jesuítas que os trouxeram da China para Portugal durante o século XVII. Apesar da chegada tardia começaram a produzir-se na Beiras e em Trás-os-Montes e mais recentemente também no Algarve.

Há quem lhes chame tomates doces devido, seguramente, à sua aparência semelhante ao tomate. Muitos evitam comer dióspiros pela sua adstringência característica que associada à acidez com taninos bem evidenciados, quando pouco maduros, deixam a boca com um sabor menos interessante. Quando os dióspiros não estão bem maduros corre-se o risco também de a mucosa da boca se contrair pelo que o número de consumidores, não avisados, tentam evitá-los. Aliás, toda a fruta, é genericamente melhor quando madura.

 

 

 

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No oriente há várias utilizações doceiras para os dióspiros para bolos, gelatinas e gelados. Também são um componente muito interessante em saladas. Em Portugal não conheço nenhuma receita além de uma compota que fica excecional, ou então consumidos ao natural. Já me serviram assados e polvilhados com canela, e são bons para juntar ao iogurte natural. Nunca se deve adicionar açúcar.

Como gosto muito de dióspiros, e não gosto de perder nada, habituei-me a colocá-los numa chávena de chá, como se pode ver na foto, retiro o pé e depois como um uma colher! O sumo que se vai produzindo fica todo na chávena e, depois, bebo até à última gota.

 

 

 

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Tem fama de ser um ótimo alimento para a saúde. Segundo jean-Claude Rodet, quando maduros, são ligeiramente laxante, graças à sua boa constituição em fibras; drena o fígado e os rins; é rico em tanino e caroteno; revela-se rico em vitamina A e C; contém potássio e iodo,; sacia a sede; ajuda a acalmar as dores de cabeça provocadas pelo álcool; atua contra o endurecimento das artérias e os japonese recomendam-no quando se trata de superar a fadiga. A grande contraindicação parece ser para os que sofrem de diabetes atendendo ao seu alto índice de glicemia.

Outros autores consideram a vantagens dos dióspiros por terem poucas calorias (cerca de 80 por 100 g) e possuírem vitaminas A, B1, B2 e E, além de cálcio, ferro e proteínas, e ajuda na produção de glóbulos vermelhos.

 

 

 

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Os principais países produtores são China, Japão, Coreia, Brasil, Índia, Itália e Espanha.

Agora só me falta fazer um pedido aos restaurantes que, têm sempre na ementa um capítulo de Fruta da Época (igual o ano inteiro),que comecem a lembrar-se dos dióspiros, simples ou com pequenos complementos. Podem até fazer mousses de dióspiro com pedaços do mesmo. E compete-nos também a nós, clientes, manifestar esse desejo.

 

© Virgílio Nogueiro Gomes

 

 

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