Aconteceu num restaurante?

 

 

2020a

Poderão dizer que começo o ano com reclamações! Pode parecer e, de acordo com outras crónicas no género, não identificarei os restaurantes. Estes são apenas lamentos e relatos reais que me aconteceram durante o ano. Eu, como a maioria dos clientes de restaurantes, não gosto de reclamar. Se alerto para uma situação negativa é, sempre, na esperança que possam corrigir. Reclamação a sério, e quando não me manifesto, significa que é local sem solução. Não reclamo, mas não volto que é a maior vingança que se pode fazer, além de “dizer mal”.

Na escolha de um restaurante as razões que nos fazem voltar não são apenas de ordem alimentar. Para além da comida, a atenção no serviço de mesa é fundamental. E há ainda uma série de atributos que nos levam a fixar como clientes regulares. Evidentemente que quando a reclamação é da comida, isso é irreparável, e especialmente, se é a primeira vez que nos encontramos nesse local.

Vejamos uma coleção de contrariedades acontecidas durante o ano de 2019:

 

 

 

2020b

 

Televisão com som – As refeições continuam a ser um ato convivial durante o qual a conversa é importante. A maioria dos restaurantes que frequento não têm televisão, mas quando acontece, por vezes é oportuno aquele local, pergunto sempre se sobem o som ou se haverá futebol. Um dia, fora de Lisboa, calhou um restaurante com fama de um prato de tacho. Aí chegados pergunto se havia o prato, “mão de vaca guisada com grão”, e coma resposta pela positiva sentámo-nos. A pergunto seguinte era a televisão. A empregada, muito gentil, informou que não subiriam o volume de som e que poderíamos escolher o canal pois eramos os primeiros clientes. Ficámos. O prato correspondeu às expectativas e a meio da refeição chegaram outros clientes que pediram para colocar o canal que dava futebol e queriam som…! Indignado chamei a empregada que lhe apresentei o que nos tinha dito à chegada e ficou sem resposta. Terminei o prato à pressa e saí do restaurante, não consegui demover os meus parceiros de mesa a fazer o mesmo, sentando-me na esplanada e saindo com boca de pobre (sem sobremesa). A questão não foi o futebol, foi a empregada ter informado no início que isso não iria acontecer!

 

 

 

2020c

Música ao vivo

Já anteriormente fiz uma crónica sobre a música ao vivo e a moda da presença de Dj’s que nos impedem de falar à mesa. Já é tarde para me habituar a gritar enquanto como. Por isso é mais fácil mudar de restaurante.

Mas aconteceu-me recentemente um episódio não espectável. Como é meu hábito janto relativamente cedo e quando somos poucos nem faço reserva. Chego ao restaurante e vejo a instalação de equipamentos musicais e perguntei ao empregado de mesa a que horas começava. Respondeu-me, com ar de graça, que teria tempo de jantar antes da música ao vivo começar. Havia apenas a nossa mesa e mais outra com um casal. Depois de fazermos o pedido do jantar aparecem duas pessoas que iniciam a colocação do equipamento musical, e durante 40 minutos, 40, estiveram a fazer ensaios de som: 1,2, 3 experiência… muda os graves…1, 2, 3 ah…oh… experiência… Não só a nossa mesa, como a outra questionámos o empregado sobre o que estava acontecendo ao que ele nos responde que preparavam o espetáculo. Isso nós víamos e ouvíamos! Para agravar a música ambiente do restaurante continuava em mistura com aqueles sons que não eram, música. 40 minutos insuportáveis e quando perguntámos se havia gerente ou alguém que mandasse no espaço a resposta foi simples: “Só o patrão que chega mais tarde”. Tanto nós como a mesa ao lado saímos sem sobremesa e já no exterior falámos sobre o desconforto da situação.

 

 

 

 

2020d

Nome dos pratos

Nada pior do que pedir um prato que conhecemos, na sua forma tradicional, e nos apresentam um prato que nem parece e nem sabe ao que pedimos. Esta é uma matéria sobre a qual tenho escrito várias vezes. E continuo a confirmar que a receita mais adulterada é, seguramente, a de “Bacalhau Espiritual”. Para confirmara a verdadeira receita é só clicar aqui.

No ano que terminou tinha-me incomodado muito com o aumento de restaurantes que utilizam vinho da receita de “Ameijoas à Bulhão Pato” tendo escrito uma crónica especial sobre o assunto que podem reler clicando aqui.

Desta vez vou contar um episódio que é vulgar acontecer que é dar nome errado a certas carnes, e confundirem carnes jovens com carnes adultas. Na Lista do restaurante proponham: “Pernil de cordeiro”. Perguntei ao empregado que fazia o pedido se realmente era cordeiro ou se seria carneiro. Categoricamente é dito que era “cordeiro”. Depois de meia hora de espera chega o prato e pergunto se habitualmente não vinha arte do osso, já tinha comido anteriormente neste local, e responde-me que às vezes sim. Desconfiado lá começo a comer. No prato vinham duas peças de carne de origens diferentes. A primeira rija, cor escura denunciando a idade da carne, e difícil de cortar apesar de me terem fornecido uma faca especial. Parecia carne da perna superior, dura e sem sabor. Fui experimentar a outra peça, mais escura ainda, mas mais macia. Parecia “chambão”, mas erro grave, estava fria e parece terem-se esquecido de a aquecer. Tinha pressa e decidi continuar a comer a segunda peça quando chega o chefe de mesa a perguntar se estava tudo bem e, cheio de vontade, informei do que se passava. Pergunta-me se desejo substituir o prato ao que respondi que estava com muito pressa, mas que gostaria que esclarecesse junto da cozinha. Pede desculpa, e pensando eu que iria à cozinha, e nada aconteceu. Deixei o resto no prato, pedi a conta e saí. Será que vou voltar?

Confesso que tenho a melhor opinião sobre muitos restaurantes que frequento no dia a dia. Estes escritos são detalhes que não deveriam acontecer. Seguramente que continuarei a ser um consumidor alimentar nos restaurantes.

BOM ANO 2020

© Virgílio Nogueiro Gomes