Doces de Peniche
Igreja da Misericórdia e Torre do Relógio
Fui recentemente a Peniche para entender a diferença entre dois doces: “Amigos de Peniche” e “Penichenses”. Acabei a dar uma bicada em mais três: “Pastéis de Peniche”, “Esses” e uma novidade que espero se venha a chamar “Pastéis de Paciência”, que ficarão para outra próxima crónica.
Já várias vezes tenho afirmado que não é só a doçaria conventual a apresentar execuções de alta categoria. Nem é preciso que tenha uma antiguidade que as faça entrar na história. Felizmente, estes entraram já numa prática de consumo, e começam a fazer parte da identidade doceira de Peniche.
Amigos de Peniche? Ou Penichense?
Não tenho o hábito de pedir e dar as receitas. Gosto de entender o modo como os doces são feitos, não indago sobre se têm segredo ou não (e segredos não se divulgam), e perceber a reação local aos produtos confecionados. Em Peniche toda gente os conhece. Mas a minha dúvida era entre os “Amigos de Peniche” e os “Penichenses”. Os doces, pastéis, pareciam-me iguais... Depois de os provar em paralelos parecem-me semelhantes. Mesmo quando se supõe que com o mesmo nome os doces sejam muito parecidos, encontramos algumas diferenças. Basta observar o que acontece na Prova do Melhor Pastel de Nata de Lisboa! Todos parecidos, todos muito semelhantes, mas... com provas cuidadas sentem-se pequenas diferenças desde a qualidade da massa externa (folhada) ao creme, e sua textura, e subtilezas no gosto.
Detalhe
O parente mais próximo, ou antepassado parece ser o pastel de feijão. Várias fontes fazem o seu paralelo. Não se sabe ao certo a data de nascimento destes dois patéis de Peniche. Digamos que o que os distingue é a embalagem, apesar de parecida, e o local de confeção. Assim para os “Amigos de Peniche” temos a Pastelaria Brismar, que herdou, por aquisição da patente à antiga Pastelaria Resgate a sua marca registada, e que mantém a tradição mais antiga.
Amigos de Peniche
Para os “Penichenses”, muito mais recentes, a Pastelaria Roma. Foi destas duas pastelarias que degustei os doces. Curiosamente ambas as pastelarias fornecem o texto onde se informa como nasceu a expressão Amigos de Peniche. Ora para a sua confeção faz-se uma massa tenra, muito fina, que irá ser colocada em formas de pastéis, e depois serão cheias com um creme de açúcar, ovos e amêndoa. Naturalmente depois vão ao forno. Receita? Cada um guarda o seu segredo! Pela minha parte espero que vão a Peniche provar, e ler o texto que explica a expressão Amigos de Peniche.
Penichenses
Esta degustação deve-se ao cuidado com que o meu amigo Diamantino Neto, dos restaurantes Estelas e Nau dos Corvos, me proporcionou. Brevemente, crónica com as outras iguarias doces enunciadas no início.
© Virgílio Nogueiro Gomes