Rainhas de Maracatu

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Maracatu Axé de Oxossi

Desta vez não vou escrever de comida nem de comeres. Escrevo sobre outro tipo de alimento bom para o espírito e a alma que é a festa e a cultura. Também precisamos destes alimentos!

Depois de participar no primeiro ensaio de maracatu percebi de imediato que a Rainha é a figura principal do desfile, a figura maior e uma posição que não se pode pretender mas que tem que se ganhar. Parece consensual que os maracatus têm origem nas representações ou manifestações das feitas dos Reis do Congo, Congos ou Congadas, e que a sua evolução de deva à sua apresentação durante o período carnavalesco. É, no entanto, concentrada na figura da Rainha, o elemento mais importante do desfile. Sendo que a Calunga representa, de facto, a sentido ou origem religiosa do cortejo, a Rainha é o símbolo do poder, a figura mais exuberante e com pontuação individual para a classificação final. Já João Nogueira, 1876-1947, no seu livro “Fortaleza Velha” escreveu sobre o maracatu: Formados só de homens vestidos de mulher, saias brancas e cabeções de renda, traziam o corpo e o rosto pintados de negro… Não dançavam. Andavam lentamente, pelas ruas … Acompanhados de reco-recos e de maracás cantavam:

Aruenda tenda cadê ioiô

A nossa rainha já se coroou.

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Maracatu Az de Ouro

Ora, encontramos outras loas que se referem sempre e só à coroação da Rainha por oposição aos Congos. E é prática corrente sempre que um grupo de maracatu de apresenta fora do desfilei carnavalesco executar o ritual de coroação da Rainha no qual a Calunga tem parte importante. Já assisti a várias apresentações de maracatu representando a coroação. Fiz inclusive uma crónica da coroação da Rainha no Maracatu Az de Ouro e que poderão relembrar clicando aqui.

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Maracatu Kizomba

Há vários autores que relembram a coração da Rainha como uma homenagem libertadora, celebrando a intrépida Rainha Ginga de Angola. Gilberto Freyre, 1900-1987, escreveu: Foi de Angola a célebre Rainha Ginga que se ergueu contra os portugueses com todo o seu vigor meio matriarcal de mulher-homem, ainda hoje recordado no Brasil pelas rainhas de maracatu… . Tive a sorte de ainda conhecer o famoso Zé Rainha, de seu nome José Ferreira de Arruda, possivelmente a rainha que mais se apresentou e que entrou na história do maracatu cearense. Com orgulho, em entrevista publicada no jornal O Povo, em 17 de fevereiro de 2011, declarou: Eu que inventei o brilho. Antes, o Carnaval era muito pobre. A Rainha saía só com um vestido branco e uma rosinha vermelha de lado. Gilmar de Carvalho no seu livro “Artes da Tradição”, 2005, no capítulo dedicado a Zé Rainha escreveu: … quem é rainha será sempre majestade. … a rainha se impõe. Sérgio Pires no seu livro “Ispaia Brasa o Bloco que foi escola”, 2004, afirma que na Corte: Representada pela Rainha, figura principal, o Rei, Príncipes e Princesas. Recentemente Tércia Montenegro, 2014, também confirma a importância da rainha: Depois, ainda criança, acompanhei os desfiles de rainhas… Muitas rainhas eram homens de peruca, …

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Maracatu Baobab

De facto, a ala da Corte encerra o desfile e a Rainha tem o papel principal. Aqui vai a grande diferença em relação a outras representações africanas onde aparecem reis e rainhas. No maracatu cearense a Rainha é o máximo. E os brincantes dedicam-lhe atenção e quase devoção.

Apesar do atraso em relação do desfile em Fortaleza do Carnaval de 2015, devo prevenir que não sou fotógrafo e que, apesar de ter tido acesso ao desfile, não peço às Rainhas para fazerem pose para a foto, conhecendo os regulamentos que as poderiam prejudicar. Assim verão fotos em “movimento” o dançar ondulado que para muitos representa o remar saudoso em direção a África. As fotos apresentadas estão por ordem alfabética do nome dos maracatus.

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Maracatu Nação Fortaleza

Fazer uma experiência de assistir a um desfile de maracatus em Fortaleza é assistir a um espetáculo cultural, rico, e que se pode aproveitar, em paralelo todos os folguedos carnavalescos. Um convite para ir a Fortaleza, Brasil.

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