Aletria, do Iraque

Já anteriormente escrevi sobre aletria e poderão reler a crónica clicando aqui. É extraordinário, à semelhança com o arroz, como as massas são polivalentes e, com elas, podemos confecionar em todas as partes de uma refeição: sopas ou entradas, peixes, carnes e sobremesas. Para além de Portugal também podemos encontrar aletria em outros países com na Espanha, na França, no Brasil, em Itália, em Marrocos, na Turquia e ainda no Iraque. Pois deste país foi o meu último encontro com aletria.

 

 

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Cartaz do Almoço

Recentemente fui a almoçar ao um espaço invulgar e sobre o qual já me deveria ter debruçado: Cozinha Popular da Mouraria. Começo por confessar o meu fascínio por este bairro lisboeta e de onde nos surgiram algumas tradições alimentares desde D. Afonso Henriques. A Cozinha Popular da Mouraria, uma iniciativa privada, projeto social, onde pontua a minha amiga Adriana Freire, tem como objetivos a aproximação das várias comunidades existentes na Mouraria ou outras fixadas em Lisboa. Feliz a ideia de, através da mesa, uma necessidade primária, e transformar em prazer, e aquisição de novos conhecimentos a união de povos, nações, com identidades culinárias bem diferentes. Como o cartaz deste almoço que bem traduz: Make Food not War.

Na preparação deste almoço havia participantes oriundos da Eriteia, do Iraque, da Palestina e da Síria. Foi uma refeição cuja confeção foi partilhada e o local esgotou a lotação. Tão importante quanto a cozinha era diferente, quão interessante a conversa com aqueles, não se falando de política.

Porque, talvez, os doces me despertem muita curiosidade, concentrei-me a fotografar e conversar acerca do parto de aletria e que me disseram que no Iraque se chama SHAREIA.

Aqui vai, em sequência fotográfica e sem quantidades. As fotografias são legendadas para descrever cada fase da receita. Podem tentar fazer em casa para variar a utilização de aletria.

 

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Num tacho coloca-se óleo e a aletria cortada grosseiramente. Com a ajuda de uma espátula, ou colher, envolve-se bem a aletria, que vai escurecendo com a absorção do óleo cuja temperatura vai aumentando.

 

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Quando o óleo tiver desaparecido, cobre-se com água para cozer a massa.

 

 

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Uma vez cozida a aletria junta-se açúcar a gosto e continua-se a mexer bem até ter o açúcar bem diluído.

 

 

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À parte, numa caçarola ou frigideira, colocam-se amendoins em seco para torrarem ligeiramente.

 

 

 

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O aspeto da aletria de pois de cozer e termos junto açúcar.

 

 

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Para o empratamento, em prato redondo ou travessa, coloca-se a aletria, cobre-se com os amendoins, e polvilha-se generosamente com coco ralado e açúcar.

 

 

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Eis um detalhe do meu prato, podendo-se comer doce ou mais doce conforme o açúcar da cobertura e o agradável crocante do amendoim.

Um almoço diferente, muito agradável e com um final feliz e doce!

Procurem informações sobre a programação da Cozinha Popular da Mouraria.

© Virgílio Nogueiro Gomes